A ansiedade cravou em mim as suas garras
E as minhas noites são dragões
Que eu tenho que enfrentar com armas de um São Jorge covarde
De manhã a cabeça cobra os sonhos que não tive
E dói
Não a dor que encontra alívio no analgésico
São dores de parto
Minhas ideias são filhos que se negam a vir ao mundo.
Também é insuportável
A dor dos pesadelos não abortados
De tarde o corpo pede repouso
Enquanto a rotina castiga
E exige cada vez mais dele
O cansaço não encontra refúgio nem na poesia
Que se fez ausente ao pressentir o meu caos
A poesia exige um lirismo que eu não sou capaz de proporcioná-la
Não neste momento
Em que eu estou à beira de uma crise de erros.
Anderson Lopes