8 de novembro de 2012

Estação Vila Olímpia


Estou parado na Estação
Esperando o trem que não chega.
Catando a poesia que sai dos trilhos.
Tentando me contagiar com a alegria dos meninos
Que passeiam numa paz quase divina
Em suas bicicletas aladas.
Eles flutuam na pista
Como flutuam na vida,
Por que nada neles pesa
E na certa são felizes assim.
Estou parado
Enquanto o tempo corre à velocidade do trem.
A Estação logo se enche
É intenso o fluxo de gente
E triste a espera
De quem não pode usar as próprias pernas
[Tão pouco as próprias asas]
Para voltar pra casa.
Estou na Estação Vila Olímpia
Eu sou um trem sem trilhos para percorrer
E o meu peito é um vagão sem gente.
A saudade é quem ocupa os acentos vazios.
Estou febril
A alma está doente
E o corpo é quem sente as suas dores.
O trem chega
Coloco no papel toda a poesia que colhi
Todos os versos que com ela construí
E embarco.
A agonia da espera cessa
E eu volto a funcionar.

Uma ave branca beija o rio que atravessa a cidade
Dando-lhe um instante de vida...

[Anderson Lopes]

11 comentários:

  1. Oi Andersen, querido!

    Grata por visitar um dos meus blogs e deixar um agradável comentário.
    Visualizei, também o seu e francamente escreve muito bem. Tudo está muito arrumadinho.
    Esse poema é um desabafo visual, que culmina muto bem.
    A solidão deu lugar à alegria, no voo de uma ave.
    Apareça, tá?

    Há novo post no "Luzes e Luares", um dos meus blogs. Te aguardo. Obrigada.

    Beijos da Luz, com afeto.

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  2. Eu, de novo!

    A imagem que voc~e escolheu pra encimar seu poema está lindíssima e de acordo com o conteúdo do post.

    Beijo da Luz.

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  3. Aprisionei-me por aqui!



    Fico por seguir;
    Em encanto pelo que vi.

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  4. me identifiquei com tantos posts seu! :)

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  5. Muito massa! Gostei do catar a poesia dos trilhos.

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  6. Oi querido Anderson,

    O título de seu blog é demais.
    Gracioso e inteligente.
    Passando pra te desejar um bom fim de semana.
    Apareça, tá?

    Beijos da Luz.

    Luzes e Luares (novo post) nesse blog.

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  7. "E triste a espera
    De quem não pode usar as próprias pernas
    [Tão pouco as próprias asas]
    Para voltar pra casa"

    BRILHANTE! É como se por um descuido deixássemos esquecer a força que tem os nossos sonhos! Abraço!

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  8. Caríssimo Poeta Anderson, eu sempre atrasado, perdendo o trem rs...mas o bom é que pude degustar bastante este poema, pois me trás uma memória afetiva (fui uma criança que amava trens)...a espera, o cansaço e a beleza da poesia que se esvai nos trilhos; mas passam pelos trilhos o tempo e o vazio, a solidão, a falta que corrói corações...
    "eo meu peito é um vagão sem gente
    A saudade é quem ocupa os acentos vazios"
    Mas o poeta traduz e inventa histórias e constrói sentimentos em forma de poesia, então, embalados por este movimento do trem, seguimos. Belo poema.
    ps. Meu carinho meu respeito meu grande abraço.

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  9. Anderson, dei um belo passeio pelos trilhos do teu blog e adorei conhecer tua poesia cotidiana, urbana. O olhar poético sobre os detalhes simples da vida é uma dádiva. Aproveite! abraço

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