3 de junho de 2012

Crise de Erros


A ansiedade cravou em mim as suas garras
E as minhas noites são dragões
Que eu tenho que enfrentar com armas de um São Jorge covarde
De manhã a cabeça cobra os sonhos que não tive
E dói
Não a dor que encontra alívio no analgésico
São dores de parto
Minhas ideias são filhos que se negam a vir ao mundo.
Também é insuportável
A dor dos pesadelos não abortados

De tarde o corpo pede repouso
Enquanto a rotina castiga
E exige cada vez mais dele
O cansaço não encontra refúgio nem na poesia
Que se fez ausente ao pressentir o meu caos
A poesia exige um lirismo que eu não sou capaz de proporcioná-la
Não neste momento
Em que eu estou à beira de uma crise de erros.

Anderson Lopes


10 comentários:

  1. Maravilhoso!!
    Se de todas as crises de erros , você
    fizer lindos poemas como este, eu desejo
    que tenha muitas crises mesmo!!
    "Minhas ideias são filhos que se negam a vir ao mundo
    Também é insuportável"
    Estas frases tocaram me tanto...

    Beijo:)

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  2. Pra que um homem sinta a dor de um parto
    Deve esta, ser uma dor gritante.
    Mas, ei, deixe a poesia ser refúgio!

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  3. Quando estamos grávidos de frustrações é sempre bom deixar a razão fazer o parto ¬¬

    #Um lexotam e dois copos de vodka. Amanhã vc está novo!

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  4. Essa é a mais pura sensibilidade cotidiana, rotineira, sistemática! E com tuas palavras, até um engarrafamento teria uma linda descrição, surpreendente! hahaha... A sensibilidade transborda em dores, de cabeça, de pernas, d'alma.

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  5. Costumo dizer que a poesia é um erro que todos gostamos de cometer. E aqui nestas doces palavras cometeste tão bom crime, meu amigo... Continua!

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  6. é isso aí, cara, a vida é uma crise de erros, e somos todos covardes.

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  7. Oi Anderson,

    Ansiedade, necessidade de mudança, que esse parto que é dolorido, seja feito logo. A crise de erros (adorei essa frase), só chegará por tua escolha, penso.
    Honesto (também é) teu poema.

    Beijo meu

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  8. -Crises não me faltam, Abraçar o Tempo. Beijo
    -Eu deixo Jéssica do Vale, mas tem horas que ela me rejeita...
    -VerMente, seguirei os seus conselhos.
    -Hugo R., transformar tudo em poesia, até um engarrafamento, é um remédio e tanto.
    -PauloSilva, valeu pelas palavras, cara. Pretendo continuar cometendo crimes.
    - Dewizqe, a covardia nos afasta de uma crise de acertos.
    -Fátima, você traduziu tudo. Beijo

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  9. Acho que fala um pouquinho de todos nós quando diz que as dores são filhos que se negam a nascer, porque não há mais lugares para elas.Se mostrar vulnerável causa espanto.

    Gostei muito da leitura.Virei mais vezes.

    Tenha uma boa semana.

    Beijos.

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  10. Tua poesia é livre, visceral... sou tua mais recente companheira de cela.

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