29 de maio de 2012

Pretérito Imperfeito



Gostávamos de doce
E caminhávamos com os pés descalços no chão
Tomávamos toda a água da chuva
Para regar o sol no verão

Contávamos estrelas
E queimávamos os nossos dedos nelas
Matávamos vaga-lumes
E a eles acendíamos velas

Líamos nossos horóscopos nas nuvens
Víamos nossa sorte nas bolhas de Sabão
Entregávamos nossos destinos aos pássaros
Que migravam na troca de estação

Subíamos nas árvores
Alcançávamos o topo do mundo
Não tínhamos medo de cair
Do céu ao chão bastava um pulo

Éramos todos quem podíamos ser
Além de todos que imaginávamos ser um dia
Só não contávamos com a impiedade do tempo
Que um dia nos afastou com a sua mão fria...

Anderson Lopes


3 comentários:

  1. Adorei!!!
    Já li e reli e estou encantada
    com este poema tão sincero,ternurento e diria
    mesmo perfeito.
    Parabéns!

    Beijo:)

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  2. O tempo é sempre a tia coroca que vem recolher os brinquedos...

    #o último a ir para a caixa é a respiração.

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  3. esse poema poderia ser a décima primeira faixa de Blood On The Tracks. perfeito, cara.

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